sábado, 12 de dezembro de 2009

Um achado arqueológico

Ao fundo do adro da capela da Sª da Orada havia um troço de calçada romana em razoável estado de conservação que seguia até à Portela e depois descia até ao Fundão. Era a estrada velha que alguns mais idosos diziam ter percorrido na juventude quando precisavam de se deslocar a qualquer feira importante naquela vila. A calçada estendia-se por cerca de três quilómetros, atravessava uma casita modesta no Rabaçal, com alguns terraços seguros por pedras soltas de xisto e granito, pequenas leiras de terra onde havia vestígios de cultura de cereais, talvez centeio, hortas e árvores de fruto.

Uma vez subi lá acima com o marido da Maria do Céu, a Teresa, a sobrinha Lalá e ela própria, a Maria do Céu. Por altura do Rabaçal teve uma birra não quis subir mais. Ficou ali sentada à sombra à nossa espera. Nós subimos mais um pouco e facilmente me apercebi de que esta Teresa andava muito meiguinha com o marido da Céu e fiz o possível por me afastar com a Lalá, alegando outras pesquisas, para os deixar o mais à vontade possível.

Foi nessa altura que encontrei uma grande pedra lavrada com sinais e gravuras não identificáveis, cuja existência já me havia sido referida por um professor de Historia, também a férias em S. Vicente. Mas que ele próprio não fora ou não quisera dar a localização exacta.

Tenho ideia que um dos sinais, o colocado mais ao alto e à esquerda, parecia uma cruz céltica incompleta (assemelhava-se à suástica nazi, mas de braços curvos). Os outros sinais eram arabescos sem forma definida.

Nunca mais lá consegui voltar. Fiz um desenho aproximado do que vi gravado na pedra enquanto a miúda brincava com o areão e as ervas secas. O desenho desapareceu há muito e já não sou capaz de o reconstituir de cabeça. Quanto à Teresa apareceu depois muito afogueada, queixando-se do calor e todos os quatro descemos ao encontro da Céu, que se abraçou muito à Teresa e descemos para a capela, persistindo as duas mulheres em caminharem sempre abraçadas pela cintura...

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