quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PESADELO, CAUCHEMAR



Três horas da madrugada… Às vezes acordo tão assustado que me parece fazer parte dos sonhos em que desperto.

Sonho que sou mau, grosseiro, cruel, em guerra permanente com tudo e com todos e distingo mal o que é sonho, o que é realidade e sofro. Sofro porque faço sofrer aqueles que muito amo, ou julgo que amo, e a mim próprio. Neste sonho, agitei-me e corri muito, cansei-me; gritei, gritei, gritei numa casa vazia, onde eu sabia que era ouvido, que todos os meus impropérios altissonantes faziam alguém, principalmente a minha actual mulher e a minha filha mais velha que tenho com ela, sofrer dolorosamente. Lembro-me de lhe berrar «traidora» porque ao criticar-me a brutalidade que eu estava a usar contra uns homens ou uns rapazes que se opunham a reparar um automóvel meu, como eu queria, estava a tomar o partido deles e a impossibilitar-me de impor a minha vontade, excessivamente violenta, sentida como faltosa depois de acordado mas absolutamente justa enquanto sonhava.

A minha filha chorava, chorava muito mas não era o seu chorar que me feria, o que me doía era o sofrimento indizível que eu sentia lhe ter feito experimentar com os meus gritos, as minhas palavras, os nomes horríveis que lhe dirigi.

Que relação poderá isto ter com a narração que venho fazendo neste blogue?

Este tac-tac-tac-tac-tac-tac do relógio da sala quase me endoidece! Porque o oiço tão nítido, eu que oiço mal e não costumo sequer ouvi-lo?