quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A culpa e o deleite

A Cecília era muito íntima da Zulmira, tão íntima, que lhe permitia saber que, quando a amiga era chamada a capítulo pela madre das freiras, lá do colégio de Guimarães, entrava numa fase de pré êxtase ou mesmo orgasmo puro, que ela disfarçava com os soluços e as lágrimas de "arrependimento" das "maldades" que propositadamente cometia para ser chamada a ouvir a reprimenda e ser posta de castigo. Parece que naquele colégio as reprimendas eram dadas em privado, só a madre e a aluna prevaricadora, num gabinete próprio onde as janelas eram parcialmente fechadas se fosse de dia e a iluminação reduzida se fosse à noite. Tal ambiente, acompanhado de uma proximidade física, junto com uma postura de sujeição – a aluna ajoelhada quase sobre o regaço da madre, proporcionava grande erotismo à confissão e consequente reprimenda, tornando estes encontros em momentos de grande deleite mútuo. Não acredito que uma madre com estudos de psicologia não soubesse que comportamento estava a induzir na jovem rapariga a seus pés.


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